Specialty Coffee

Sobre Nós

Século XIX já findando nas últimas décadas. O Brasil efervescendo politicamente. O país já acenava em uma mudança de monarquia para república. A escravidão perdendo força, porém ainda sobrevivia em função da grande produção agrícola brasileira.

É nesse cenário que a família Campos mantinha firme as raízes no interior de Minas Gerais, mais precisamente no povoado de São Francisco de Paula. A pequena vila era até então distrito da cidade de Oliveira, 160 quilômetros da capital do estado, Belo Horizonte. Os cafés brasileiros, em especial o mineiro, despontavam como produtos de grande penetração no mercado externo. Mário Campos e Silva se transforma em cafeicultor de grande força no povoado, em 1904. O visionário homem do campo, nascido em Paracatu em 3 de novembro de 1873 e radicado em São Francisco de Paula, tem uma produção avançada para os padrões da época, em que muitos produtores rurais ainda utilizavam a força escrava como mão-de-obra.




Mário Campos e a esposa Maria José Cambraia de Campos, carinhosamente chamada de “voinha” pelos netos, têm o filho Francisco Cambraia de Campos. Não diferente do pai, Francisco também passa a trabalhar na fazenda, aprendendo desde pequeno os ofícios do campo, como administrar os negócios familiares e a cuidar dos cafezais.

Décadas foram se passando e a família de Mário foi crescendo. Em 20 de maio de 1946 nasce o neto, Eduardo Pinheiro Campos. O garoto é o grande orgulho do pai, Francisco, e da mãe, Maria Conceição Pinheiro de Campos. Cresce, a exemplo do pai, na fazenda, acostumado a vida rural. Aprende in loco a tratar de bois e vacas, assim como também conhece os desafios e segredos da produção de café. A fase adolescente o instiga a alçar outros vôos. A vida na pequena São Francisco de Paula, hoje emancipada e com população não maior que 8 mil habitantes, é bucólica. Os 15 anos o provoca a procurar maior agitação. Eduardo era estudante aplicado, perspicaz. A inteligência o leva a Belo Horizonte, a 175 quilômetros de distância das terras do pai e do conforto da família.



Mário Campos e a esposa Maria José Cambraia de Campos, carinhosamente chamada de “voinha” pelos netos, têm o filho Francisco Cambraia de Campos. Não diferente do pai, Francisco também passa a trabalhar na fazenda, aprendendo desde pequeno os ofícios do campo, como administrar os negócios familiares e a cuidar dos cafezais.

Mas o destino o exigia um olhar especial para a cafeicultura. Ainda jovem, Eduardo Campos recebe uma herança paterna, um bom pedaço de terra em Presidente Olegário, cidade mineira a 430 quilômetros da capital Belo Horizonte. A fazenda é batizada “Dona Nenem”, em homenagem à mãe.

Pouco tempo depois de se descobrir engenheiro, Eduardo Campos se redescobre como homem do agronegócio. O café retorna às mãos do mineiro de modo definitivo. “Eu comecei a trabalhar na cafeicultura na região do Cerrado em 1977. Na região de Patos de Minas fui o pioneiro na produção de café. Em outras partes do Cerrado já havia cafeicultura, ainda de forma tímida”, orgulha-se Campos. Em Patrocínio e Araguari já existiam amigos conhecidos de Oliveira que exploravam as terras férteis (porém até então indomadas) da região do Cerrado para a criação de gado e para o desenvolvimento da cultura do café. No entanto, em Presidente Olegário os cafezais são novidades.

A primeira fazenda é a que tem a maior produção. Com 600 hectares de área total, a propriedade São João Grande tem 375 hectares de área destinada à cafeicultura. A Dona Nenem, com 800 hectares, tem 230 hectares separados para a produção de café. A fazenda ainda também é forte na bovinocultura. Boa Sorte é outra propriedade em que é trabalhado o gado de corte. Aliás, a fazenda é a maior das três estâncias pertencentes a Campos, com 1900 hectares, além de ser a única em que não há sequer um pé de café. Ao todo são 2500 cabeças de zebu nelore, um gado rústico, forte e com boa aclimatação. O zebu é uma espécie de origem indiana e chegou ao Brasil no início do século XX. Atualmente, o rebanho brasileiro é reconhecidamente uma das melhores carnes no mercado mundial. Aí, incluem-se os nelores do senhor Campos.

Os 3300 hectares não são utilizados apenas para o cultivo do café e a criação zebuína. Alguma parte das três estâncias é separada para a agricultura de subsistência. Muitos dos alimentos consumidos pela família e pelos colaboradores de Eduardo Campos são plantados nas fazendas em Presidente Olegário. Obviamente que outros hectares são intocáveis, respeitados unicamente para a preservação ambiental.

O meio ambiente é prioridade número 1. Por isso, Campos replanta boa parte da vegetação nativa da região, compensando algum impacto ambiental causado pelo rebanho bovino e pelo café. E não só as árvores recompõem o cenário, as águas também fazem parte da proteção natural. Eduardo Campos recupera Áreas de Preservação Permanente. As APP’s (como são popularmente conhecidas no Brasil) são limites traçados entre o fim de córregos, lagos ou rios e o início das lavouras. A distância mantém a boa qualidade das águas e garante o futuro das bacias hidrográficas.

As rígidas leis ambientais seguidas à risca, somadas a boas práticas agrícolas de produção, manejo e atenção ao social, garantem às três fazendas selos de importantes certificadoras internacionais. Boa Sorte, Dona Nenem e São João Grande são certificadas pela UTZ Kapeh e pela Rain Forest. Além da preocupação extra com o meio ambiente, as lavouras recebem tratamento totalmente monitorado contra pragas. Os terreiros, tulhas, depósitos e todos os outros setores das fazendas são devidamente higienizados, sem riscos de contaminação dos grãos. Os funcionários são bem acolhidos e recebem todos os benefícios previstos pela lei do trabalho brasileiro.

Outra etapa importante para a manutenção das certificações é o período de colheita. Campos explica como consegue fazer uma coleta seletiva, visando a alta qualidade dos frutos. “A minha colheita é feita por máquinas que já fazem uma coleta seletiva. A escolha vai pelo grau de maturação dos grãos, o que é diferenciado pelo peso e densidade de cada semente. A gente regula a máquina para que ela recolha apenas a chamada “cereja”, deixando os cafés verdes ainda amadurecendo no pé. Dias mais tarde, a gente volta e recolhe aqueles grãos que ficaram no cafezal, que antes estavam verdes e agora já estão maduros, no ponto ideal para a colheita. Depois dessa segunda parte ainda restam alguns grãos, e o que sobra nos pés a gente faz a colheita manual, que nós chamamos de repasse manual. Todo o processo é para obter uma safra de qualidade”.

Mais um ponto de atenção é a renovação do cafezal. Os pés de cafés são renovados para garantir a força dos frutos. Existem estufas com mudas cultivadas para a reposição, substituindo plantas antigas. “Temos um programa de renovação, e todo ano eu renovo 10% das minhas lavouras. O Cerrado é uma região que possui muitas variações, é um local com temperaturas com médias mais altas em comparação com outras regiões como, por exemplo, o Sul de Minas, e por isso alguns fazendeiros, como nós, temos optado por 10 a 12 anos refazer a renovação das lavouras”, conta Campos. Após aproximadamente uma década, o rendimento do pé começa a ter um declínio e a renovação garante uma safra mais nova e com maior quantidade de grãos e frutos de maior qualidade.

Todo o trabalho com prudência redobrada é recompensado. A produção de Eduardo Campos repetidas vezes figura em posições de destaque em competições que premiam os melhores cafés do país. Os cafés da família conquistaram o terceiro lugar no 13º concurso da Illy e foi finalista em vários concursos da Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA – Brazil Specialty Coffee Association), inclusive por três anos seguidos, 2001, 2002 e 2003.

Nota-se que não se pode alcançar boas produções do dia para a noite. As lavouras cafeeiras são um sustento secular da família. É uma tradição aliada à inovação, o que enriquece a produção local e a força do café brasileiro. “É uma satisfação trabalhar com a cafeicultura. Primeiro porque é uma tradição familiar. Só da minha parte, eu já estou na cafeicultura há mais de 40 anos. Meu pai, com 70 anos, e meu avô que já produzia há bastante tempo… Podemos falar que são 100 anos que o café faz parte da família. E é mais de um século de tradição na cafeicultura, e sempre inovando”, calcula Campos.

Tanta qualidade é saboreada por apreciadores de café em, pelo menos, três continentes. As 60 mil sacas produzidas nos últimos três anos chegaram a milhões de consumidores na Itália, no Japão, em Israel e em diversos outros países. A certeza é que muitos outros sentirão na boca a delícia que é a “cereja” plantada e bem tratada nas terras dos Campos, esse sabor especial de qualidade, que vem sendo degustado desde o século XIX.

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